terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Ginsberg me

permita-me 
todos os lados
todos os ângulos
abriga-me
dentro e tão longe
por onde e antes
obriga-me
teu santo teu canto
teu e ponto
bebe me
pegue me
ginsberg me




quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Poesia on the rocks

Eu gosto de poesia
que tem gosto de bebida forte.

Por isso leio Rimbaud.
Por isso leio Bukowski.


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Mantra

juntos
podemos
ir
aqui
ali
além

juntos
podemos
tudo
aqui
ali
amém.


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

SOBRE O AMOR

Embora fonte de prazer
É apenas
uma irresistível
fatalidade.


domingo, 16 de agosto de 2015

Gratidão


Há uma semana, participei de um sarau como poeta convidado pela primeira vez. Exatamente um ano atrás, em agosto de 2014 eu me apresentava pela primeira vez neste mesmo sarau, o Um Brinde à Poesia. Parece até intencional, mas foi apenas uma das felizes coincidências que cercaram este dia. 

Falar em público nunca foi muito fácil para mim, sempre tive dificuldades na escola, na universidade, um misto de timidez e insegurança, falta de aptidão para tal. Mesmo já escrevendo há 10 anos, e tendo outras chances, ler meus textos foi algo que evitei até me sentir pronto, como agora.

Precisei desses dias para escrever sobre o sentimento de gratidão, não só por ter recebido o convite para apresentar um set meu no sarau e poder falar minha poesia ao lado de artistas experientes, com o Rio de Janeiro como cenário, mas principalmente por estar fazendo parte de um movimento de cultura durante esse ano. Por receber e contribuir. Gracias!








segunda-feira, 20 de julho de 2015

Pas de Deux

movimentamo-nos
na dança dos
olhos nos olhos
o veludo das peles
abraçados
na escuridão
enxergando-nos
sob a fina e fraca luz
da paixão.


quinta-feira, 9 de julho de 2015

Delicadezas Divinas

estes acontecimentos
minha memória - claridade tão deslumbrante,
tomando café sem propósito
- nada importante -
Não é mais preciso esperar o fim do mundo


domingo, 5 de julho de 2015

(sem título)

sim ou não
esse assunto inacabado
amor demais
até enjoa
fica ultrapassado
sofrer só é bonito
quando a pimenta é nos outros
ardências infinitas
inflamações irremediáveis
uma voz consciente aparece
tentando conter o que arde
tic tac tic tac
já é tarde

terça-feira, 16 de junho de 2015

Fluxo II

o poema
se sustenta
na percepção tática
de que a vida
é só um ensaio
um grande pano de fundo
para outros movimentos

eu deliro
nessas linhas
nesse fluxo
irreborável de
pensamentos desconexos
no meio de tudo
uma viagem

eu mergulho
nesse enfim sem nexo
poema que afoga
poesia irretocável
vertigem espiral
miragem
no fundo
bem no fundo
uma bobagem


segunda-feira, 8 de junho de 2015

#makeblackoutpoetry

Encontrar a poesia escondida em outros gêneros. Make BlackOut Poetry ou Poesia Cega é um exercício de criação maravilhoso que conheci através da minha amiga Juliana Hollanda D'avilla. Parece simples: basta destacar palavras ou frases de algum texto, formando um poema em forma e sentido. Simples não é, mas vicia. Um ótimo exercício de olhar. Todos os poemas foram feitos com páginas do livro "Elegância, de Kathleen Tessaro.

BLUE

Atenção
sei disso há algum tempo
Entretanto, cultivar amigos
intimidades partilhadas ao menos,
Não é hora
confidenciar
tomar uma atitude
talvez pessoal profunda
Visitas por perto
ao meu alcance
Um certo grau caótico
Enquanto


Fecho o livro onde nunca entrei
ao sair, diamantes
reluzente, solitário ao meu lado
como se tivesse escrito
páginas de pistas.


Sinto
mas não posso.
Um café, por cinco minutos. 
Firmeza na direção. 
Sentamo-nos.
Eu bebo.
Essa não é uma conversa.
Minha voz - gelo.
Hoje não. Nunca mais.

Bonitos lençóis
um delicado abajur
quem liga? Acabou.
Tiro. Cometo erros simples.
Escapo dia após dia.
Quero sono, o cheiro dele
Memória



Bem onde eu loucamente procuro,
todas as possibilidades,
beirando a histeria
estou lidando com algo que quero de volta

Uma voz responde com firmeza: Não.
Estou. 
É a ideia - comecei a ter - recorrentes.
O quarto, de repente, a noite toda
esses terrores noturnos
muitos sentimentos.
Da primavera, posso dizer de cor.






domingo, 31 de maio de 2015

contato

seu corpo
sobre o meu
se espalha
feito
água
da chuva
na calha


domingo, 17 de maio de 2015

{sem título}

não canso de observar a vida
ora extrema
ora vazia
e às vezes tão plena e inteira
outras, reprimida

há coisas em mim
que não suporto:
as escolhas erradas
a preguiça
e essa mania de levantar o dedo
mindinho quando seguro uma
xícara de café que nunca perdi
mesmo quando, numa tarde
de outono escrevo

e continuo, a todo custo,
o mesmo



sexta-feira, 15 de maio de 2015

laura

laura, laura, o que te faz tão brava?
é a vida que você leva e que você não esperava?
eu sei que era atraente, viver tão livremente
numa fábula do Lynch
ela dizia que seria assim
de abraço em abraço num vão sem fim
(sem intervalo sem intervalo)
ela dizia que não terminaria assim
procurando por diversão sem mim
os garotos da escola te amavam, laura
bastava o seu sorriso e os olhos se exaltavam
você dançava, iluminada
e logo estava acompanhada
laura, laura eu te peço fique calma
você só tinha dezessete e já andava
pelas ruas da Lapa
e eram sextas em que estava alta
meio sem destino, querendo companhia
querida, você se divertiu
mas festa acabou
essa é a história em que você acreditou
dance enquanto há música
e o one eyed Jack não fechou
dance enquanto há febre
e o mar não te abraçou

domingo, 3 de maio de 2015

Romântico

enquanto houver amor
haverá resposta
haverão telefonemas longos
coisas impostas
enquanto houver amor
haverão gritos
viagens longas
pequenos ritos
algumas ondas
te amarei entre
jantares e taças de vinho
te venerarei
sem máscaras
sem espinhos
eqnaunto houver amor
haveremos nós
em nossos desajustes
mas que de tanta amplitude
seremos até fortes
e um pouco mais sadios
nosso amor arrebenta
reage luta invade
nosso amor encontra tempo
encontra um jeito, não dissolve
nosso amor enfrenta medos
nosso amor nos abriga
e nos faz fortes
que sorte, te ter
que sorte!

sábado, 2 de maio de 2015

road trippin'

Poderíamos ir para Praga
e fingir não saber de nada
Poderíamos ir para Estocolmo
e lá esquecer quem fomos

Ser apenas passageiros
perdidos em estradas
longe de casa,
sem paradeiro

Vivendo bem
vivendo longe
mudando nossos nomes,
nosso país
vivendo a vida
que a gente já quis.


(sem título}

ao invés de polemizar
prefiro poemizar
a vida.

{sem título}

quero me embebedar
dessa inacreditável força
que é pensar com liberdade
antes que eu me torne
o último poeta
da cidade

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

exercício n° 5

que nasça o poema
imperfeito
completamente descompassado
sem roteiro
cheio de entraves
desritmado
incoerente
cheio de armadilhas
quase feito
a própria vida

sob encomenda

escrever (ou tentar)
sob pressão
sob encomenda
é sem emoção
que nasce o poema

mas se é trabalho
se é ofício
que eu o faça
como a um filho