“Até os nove anos somos aquilo que os outros querem. Brinquedinhos
que alimentam sonhos de pai e mãe. Dos nove aos dezoito somos o que gostaríamos
de ser e por não sabermos exatamente o que gostaríamos de ser nos fantasiamos
com a mesma roupa dos nossos amiguinhos – é o que costumam chamar de adolescência.
Dos 18 aos 27 somos o que imaginamos ser. E, finalmente, dos 27 aos 36 nos
encontramos com o que podemos e conseguimos ser. Daí por diante é só se seguir
reinventando a cada dia” (Mônica Montone)
Acabei de completar 27 anos encarando o fato de que não sei
exatamente o que posso ou consigo ser. Porque eu ainda carrego dúvidas e dívidas
de todas as outras idades. Eu cresci mesmo? Ou fui apenas acumulando
quilometragem rodada e algumas feridas pelo caminho?
O que sei, é que muitas coisas mudaram. Eu, inclusive.
Primeiro, eu perdi algo que eu amava muito e no queal
depositava boa parte das minhas esperanças e crenças. Só que para minha
surpresa, isso foi bom. Quando se perde algo essencial, perde-se junto o medo de
perder aquilo e ganha-se a possibilidade de arriscar-se sem qualquer
possibilidade de prejuízo.
Segundo, tive coragem de fazer algo que nunca fiz antes, e me
joguei de cabeça num projeto novo mesmo com meu mundo desabando, o que
funcionou não só como um bote salva-vidas mas como a possibilidade de fazer
algo que eu realmente gosto e ser reconhecido por isso. Há muito tempo que eu não
sabia o que era viver com prazer.
A palavra que resume minha entrada nos 27 anos é reinvenção.
Tenho me reinventado a cada dia. Seja no caminho até o trabalho, seja na
maneira de pensar na vida. E que eu passe pelos 27 colecionando tropeços,
alegrias, porres e algumas conquistas, mesmo que pequenas e que eu siga me reinventando sempre que possível. Que os 27 não me
assustem e que eu tenha mais sorte que a Amy Winehouse.
Hudson Pereira
(Dedicado ao Vinícius Lopes)