terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Onde mora o perigo


Quando a gente começa a gostar de alguém os dias naturalmente ficam mais azuis, a gente acorda mais bem disposto e tudo parece mais bonito. Mas não é aí que mora o perigo.

A gente começa a fazer planos secretos, encontros furtivos, pensa em sair pra jantar, viajar, dormir junto, tudo dentro da cabeça. Mas não é aí que mora o perigo.

A gente para de ouvir as músicas que gosta para ouvir as que a pessoa gosta. A gente para de assistir os programas que gosta para assistir os que a pessoa. Achando que assim vai conhecê-la melhor, pois sim. Mas não é aí que mora o perigo.

O outro é diferente de todos que vieram antes, pois sim. O outro é um super-herói que vem te salvar do tédio, pois sim. O outro é divertido, tem uma profissão incrível, um bom gosto nunca antes visto e um perfume marcante, pois sim. Mas não é aí que mora o perigo.

O outro te liga na hora que você menos espera. Curte tudo que você posta em menos de 1 minuto. O outro quer ver aquele filme que todo mundo fala bem, mas você não se interessou. O outro faz o filme te interessar. Mas não é aí que mora o perigo.

O perigo não mora em você, nem no que o outro te faz sentir.

Você começa a gostar de alguém. Até aí tudo bem. E de repente você percebe o outro parece gostar de você também. É exatamente aí que mora o perigo.

Hudson Pereira


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Paris Manhattan: para e pelos fãs de Woody Allen

“Paris-Manhattan” conta a história de uma jovem mulher francesa, apaixonada pelo seu trabalho de farmacêutica e por um diretor de cinema, cujos filmes ela recomenda aos clientes. Sua vida amorosa é um tanto complicada e seus pais insistem em lhes apresentar pretendentes.

Até aí não tem nada demais, se o diretor em questão não fosse Woody Allen, e se Alice, ao invés de ter uma melhor amiga, conversa com ele sobre sua vida. Não exatamente com ele, mas com o pôster dele na parede. E o pôster responde com falas do diretor em seus filmes.

O filme é despretensioso, leve, no melhor estilo das comédias francesas. Tem uma fotografia bonita, e de maneira nenhuma tenta estar à altura dos filmes de Woody. É apenas uma declaração de amor ao estilo inconfundível e aos personagens sensíveis e neuróticos do diretor. Mostrando que, para ser fã de Woody, é preciso uma boa dose de neurose também. Eu que o diga.

O filme também trata de uma questão sempre fundamental e nunca excessiva: de como a arte salva as pessoas, no caso de Alice, através dos filmes.

A grande surpresa está na participação afetiva do próprio Woody nas cenas finais, onde se realiza o grande fetiche de todo fã do diretor: receber um conselho amoroso dele. Qual fã não daria sua coleção de DVDs por isso?

Este fã de Woody adorou!

Hudson Pereira






Hud e Woody