Quando a gente começa a gostar de alguém os dias
naturalmente ficam mais azuis, a gente acorda mais bem disposto e tudo parece
mais bonito. Mas não é aí que mora o perigo.
A gente começa a fazer planos secretos, encontros furtivos,
pensa em sair pra jantar, viajar, dormir junto, tudo dentro da cabeça. Mas não
é aí que mora o perigo.
A gente para de ouvir as músicas que gosta para ouvir as que
a pessoa gosta. A gente para de assistir os programas que gosta para assistir os que
a pessoa. Achando que assim vai conhecê-la melhor, pois sim. Mas não é aí que
mora o perigo.
O outro é diferente de todos que vieram antes, pois sim. O
outro é um super-herói que vem te salvar do tédio, pois sim. O outro é
divertido, tem uma profissão incrível, um bom gosto nunca antes visto e um
perfume marcante, pois sim. Mas não é aí que mora o perigo.
O outro te liga na hora que você menos espera. Curte tudo
que você posta em menos de 1 minuto. O outro quer ver aquele filme que todo
mundo fala bem, mas você não se interessou. O outro faz o filme te interessar.
Mas não é aí que mora o perigo.
O perigo não mora em você, nem no que o outro te faz sentir.
Você começa a gostar de alguém. Até aí tudo bem. E de
repente você percebe o outro parece gostar de você também. É exatamente aí que
mora o perigo.
Hudson Pereira
Hudson Pereira