Acervo do Poeta
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
sábado, 16 de agosto de 2014
Linha do trem
(co-autoria com Gustavo Alvaro)
Meu coração é uma linha férrea.
Os dias, o tempo, as estações mudam
mas o itinerário é o mesmo.
Meu amor é vítreo,
minhas mãos são como chapisco de muro:
arranham, machucam
esfolam.
Meu corpo é uma cerca elétrica:
mantenha distância – risco de vida.
Minha boca é fornalha:
minha língua em brasa, queima, ávida.
Você fria,
copo d’água.
Meu coração é um
um trem desgovernado
sem destino
e você, um muro
implacável
no caminho.quinta-feira, 14 de agosto de 2014
[Lembrei hoje]
Lembrei hoje. Lembrei daqueles dias. Lembrei. De quando
éramos jovens e queríamos beijar a lua. De quando gostávamos de ficar loucos,
de ficar acordados até a manhã nascer em transe e não havia o menor problema, o
menor questionamento: éramos livres e não sabíamos. Éramos felizes e nem
desconfiávamos. Éramos jovens e sabíamos que a alegria era coisa de momento e
que não adiantaria sermos menores do que o amor, a compaixão, o álcool, as
drogas, o fôlego, a dor e o delírio que compartilhávamos. Vivíamos sem fim e
sem começo, só um fluxo contínuo de tropeços e quedas e levantar a cabeça e
seguir em frente tentar ser felizes na medida do possível.
Éramos outros. Estávamos vivos.
Éramos outros. Estávamos vivos.
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
Luz Negra
Dessas conversas no meio da noite
iluminadas pelo poste cuja luz entra intrusa neste quarto
guardo só as coisas necessárias
e os momentos de lascívia.
Pela janela o mundo,
aqui dentro: nós e o nada
e a cidade e suas luzes infinitas
pano de fundo das palavras.
iluminadas pelo poste cuja luz entra intrusa neste quarto
guardo só as coisas necessárias
e os momentos de lascívia.
Pela janela o mundo,
aqui dentro: nós e o nada
e a cidade e suas luzes infinitas
pano de fundo das palavras.