sábado, 16 de agosto de 2014

Linha do trem

(co-autoria com Gustavo Alvaro)

Meu coração é uma linha férrea.
Os dias, o tempo, as estações mudam
mas o itinerário é o mesmo.

Meu amor é vítreo,
minhas mãos são como chapisco de muro:
arranham, machucam
esfolam.

Meu corpo é uma cerca elétrica:
mantenha distância – risco de vida.

Minha boca é fornalha:
minha língua em brasa, queima, ávida.
Você fria,
copo d’água.

Meu coração é um
um trem desgovernado
sem destino
e você, um muro
implacável
no caminho.


Nenhum comentário:

Postar um comentário