domingo, 29 de julho de 2012

Para Roma com, um pouco de, amor

Finalmente assisti ao filme novo do Woody Allen, e tudo que li sobre ele se confirmou: não é uma obra-prima mas merece aplausos

O título, Para Roma com amor, não faz juz ao filme, pois a cidade não é enaltecida como Paris no último filme do diretor, muito menos se trata de histórias de amor. Histórias essas, que não conversavam entre si e até a cronologia era diferente para cada uma, o que deixou o filme um pouquinho confuso, mas nada que tirasse seu brilho.

Muita gente se decepcionou com o filme porque esperavam, ou uma continuação do magnífico “Meia-noite em Paris” do ano passado, ou um filme de amor estilo italiano.

Eu esperava o que vi: personagens levemente neuróticos lidando com as situações inesperadas da vida, ou seja, o que Woody sabe fazer bem.

Todos esperavam também ver Penélope Cruz de volta aos filmes do diretor, mas sua personagem tem pouco destaque quem chama mesmo a atenção é a personagem Mônica da atriz Ellen Page, - a nova versão de uma mulher que Woody adora criar: a atriz pseudo-intelectual e sexualmente ousada (como Annie  (Diane Keaton em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa), Amanda (Christina Ricci em Igual a tudo na vida) e Cristina (Scarlet Johansson em Vicky Cristina Barcelona) e é dela uma das melhores frases do filme, quando questionada porque não deu certo com um namorado, responde:

“Ele não era um sofredor. Acho que existe algo incrivelmente sexy num homem sensível às dores da existência”

Concordo! 

E outro fator importantíssimo: Woody volta a atuar depois de vários anos, só isso vale o ingresso. Bom, para quem não viu ainda, veja, mesmo com as ressalvas, até porque um Woody Allen mediano tem mais valor que qualquer blockbuster premiado.

Hudson Pereira


(Woody Allen)
(Ellen Page)
(Penélope Cruz)
(Alec Baldwin e Jesse Einsenberg)
(Roma)

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Playlist: Lounge #2



Sexta-feira. Dia de tomar martinis e curtir músiquinha boa. Outra trilha Lounge, caprichadíssima para festas e afins. Enjoy!

Hudson Pereira










segunda-feira, 23 de julho de 2012

A falta que Amy me faz


Era um sábado ensolarado como o dia de hoje, eu saí sem ligar a TV, assim que coloquei os pés no trabalho recebi um sms da minha mãe com a notícia: Amy Winehouse havia morrido. Não me lembro mais do sol daquele dia, pois ele se tornou cinza. Fiquei atordoado, sem chão, não era a morte de uma cantora, era a morte de um dos meus ídolos.

Hoje faz um ano que ela se foi, ok...ok... não foi surpresa, todo sua trajetória pessoal à encaminhava para esse desfecho, também é preciso acreditar que ela encontrou a paz e se consolar na certeza de que ela deixou um legado e uma obra incríveis, mas a falta que Amy faz para quem é seu fã não se alivia com tais verdades.

Porque para ser fã de Amy não basta gostar de suas músicas. É preciso entendê-las e vivenciá-las. É preciso ter sofrido por amor, ter bebido até não se aguentar, ter fumado um baseado para aliviar as dores. Depois que Amy partiu eu fiquei um pouco sozinho. Essa é a falta que ela me faz.

Hudson Pereira

ps: no dia que Amy morreu escrevi um poema:

Morte de Amy Winehouse

O que há por trás daquela porta
música não é
Um silêncio quase que absoluto
talvez umas poucas palavras
murmuradas, incompreensíveis
Serão as últimas?
Blake, where are you now?”
“I need you to rescue me”
O que há por trás daquela porta
não tintila
No blues, no jazz, no music
No cigarretes, no Jack Daniels, no Hathaway
Por trás daquela porta
o obscuro, o escuro mundo mudo
por se ver.
Por trás daquela porta
nothing, but her.




sexta-feira, 20 de julho de 2012

A grande aventura que é comprometer-se

Sumi das festas. Aquele rapaz cujas noites de sábado eram nas pistas de dança com uma bebida na mão tirou férias, por um tempo. Alguns amigos espalharam cartazes pela cidade, outros deram queixa contra mim – me acusando de abandono.

Não sou, e não sou mesmo, daqueles que acham que a vida à dois é melhor que a vida de solteiro, ou vice-e-versa. Acho que ambas podem ser maravilhosas se  abraçadas e vividas com prazer. Sou contra apenas de quem diz que a vida a dois é monótona, carente de aventuras. Não é, os desafios é que são outros.

Encher a cara, beijar geral, sair de casa sem destino, fazer sexo casual são ótimas aventuras e merecem ser experimentadas; só se é jovem uma vez e o moralismo não pode ter lugar. Mas comprometer-se com alguém também é uma aventura, um risco.

Porque é mesmo arriscado deixar alguém conhecer todos os departamentos da sua vida sem o brilho do fim de semana. Conhecer seus problemas familiares, suas questões éticas, suas limitações emocionais, seus momentos de escuridão, e claro, os luminosos, mas sem photoshop.

A vida de solteiro só parece mais emocionante porque é mais explícita, mais aparente enquanto na vida à dois as emoções estão na intimidade. Conhecer sua sogra num domingo chuvoso requer o mesmo fôlego e traz a mesma alegria que amanhecer no Arpoador após uma noite inteira on the dancefloor.

Comprometer-se com o outro é uma aventura não porque lhe tira a liberdade, até porque não tira mesmo mas porque lhe dá a possibilidade de nunca mais estar sozinho. Fala sério, existe coisa mais emocionante?

Hudson Pereira



sábado, 14 de julho de 2012

Um jantar no bar Gaspar

Desde que foi revitalizada (completamente transformada, na verdade) a Praça Tiradentes deixou no passado todo aspecto sombrio que a cercava, e hoje é, no centro do Rio, um ponto de cultura e lazer.

Naturalmente o comércio tem acompanhado esse crescimento. Bem na esquina da pça com a 7 de setembro - entre o teatro João Caetano e o Espaço Acústica (sede das melhores festas da cidade) está o bar Gaspar.

Fui conhecê-lo numa sexta-feira enquanto procurava por um drinque e acabei tendo um ótimo jantar.

O bar, que na verdade é um restaurante tem uma decoração que mistura paredes antigas(o prédio é histórico ) com quadros de cenas de filmes famosos e personalidades e prateleiras repletas com objetos cult. A iluminação discreta garante um clima aconchegante. É perfeito para namorar.

O drink, Martini claro. Sigo uma dica da Danuza Leão: se o Martini é bom o resto vale a pena. Ao invés de cereja ou azeitona, ele é servido com um morango partido.

O cardápio não é amplo, mas tem ótimas surpresas. Por se tratar de um “bar” os aperitivos são clássicos. O que surpreende mesmo são as combinações de sabores.para o prato principal minha dica é: não importa a carne, o que vale são os acompanhamentos, o arroz com amêndoas e a cebola no vinho branco: deliciosos.  E para sobremesa, o sorvete de frutas vermelhas com alecrim é imperdível.

Devido à sua posição estratégica, o bar acaba sendo a melhor opção da região, tanto para um jantar pós-teatro, como para uns drinques pré-balada e merece vida longa.

Hudson Pereira











quinta-feira, 12 de julho de 2012

Papo de Escritor #2 O escritor fantasma

Como qualquer homem, é feito de carne, osso e medos. Mas não como todos, é um escritor. No momento, um escritor fantasma. Não, não um ghostwriter desses que escrevem best-sellers sob encomenda. Ao contrário, nada ganha com sua obra e seu trabalho, medíocre, nada tem a ver com literatura.

Ultimamente escreve em hiato, mas já foi bem dedicado; escreveu uns poucos bons poemas e vários outros ruins, todos sinceros. Encara a xícara de café morno e se pergunta onde foi que algo morreu. Onde morreu a inspiração, onde morreu a disposição, onde morreu a ambição de escrever sobre tudo o que acontece no intervalo entre um fôlego e outro.

Encara também a velha máquina de escrever. Ele é um homem de seu tempo e conhece notebooks, iphones e wi-fis. Escreve à maquina apenas por fetiche. Lembra do barulho das teclas, o seu favorito, que lembra o barulho da chuva.

“O vazio me ameaça.” escreve. “ameaça”, “a-me-a-ça”. Essa palavra que o persegue a semana inteira e que vazio é esse? Essa sensação de tudo estar oco. Como pode o vazio ameaçá-lo, se ele próprio é o vazio? Ele, que há tempos deixou de ter alguma consistência, alguma substância. Ele que perdeu o tato, o paladar. Suspeita inclusive que corra álcool em suas veias. A poesia que um dia transbordava, pulou fora dali. O vazio que tanto o ameaça é essa falta, ele não estava preparado para isso.


Às vezes, não muito raramente, pensa em pôr fim à carreira e quando isso acontece, bebe. Também bebe para molhar a garganta, desértica, infértil pela escassez das palavras. É um fantasma, mesmo sendo feito de matéria, mesmo tendo ar nos pulmões. É um fantasma porque não escreve.

Hudson Pereira


terça-feira, 10 de julho de 2012

Duelos Imaginários


Ouvi dizer que, ao menos uma vez na vida, as mulheres fantasiam que são princesas e os homens que são heróis. E que ninguém nunca se imagina vilão, são sempre os mocinhos. Mas a fantasia que eu mais vejo no dia-a-dia é a de vencedor x perdedor ou vitorioso x derrotado.

Exemplos: você ama alguém, esse alguém ama outra pessoa, mas eles não dão certo e o alguém que você ama volta pra você. Você e a outra pessoa só tiveram em comum o mesmo gosto pelo alguém. Só. Mas na sua cabeça houve um duelo que você ganhou.

Você quer muito aquele casaco de couro caríssimo. Um conhecido o compra – e ele não tem a menor idéia do seu desejo – ainda assim você se sentirá derrotado: ele venceu.

Evidente que a competição faz parte da vida (no trabalho, em família e entre amigos – ou melhor - entre inimigos íntimos) e ser competitivo pode ser saudável, construtivo, nos dar impulso, coragem e força de vontade. O perigo é se deixar dominar pela paranóia dos duelos imaginários – sentindo-se derrotado desnecessariamente – o que, na maioria das vezes acontece. A sensação de vitória não faz mal a ninguém, mas lembre-se sempre que, mesmo quando se ganha, algo também se perde.

Hudson Pereira


(O inimigo: invisível ou imaginário?)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Playlist: Copacabana


Hoje é aniversário da princesinha do mar, 120 aninhos e corpinho de 21. Algumas músicas para celebrar toda beleza desse lugar de infinitas possibilidades.

Hudson Pereira













terça-feira, 3 de julho de 2012

Aprendendo a viver... acompanhado

Entrar num relacionamento sério é mais complicado que mudar o status no Facebook e mais simples que dar entrada nos papéis (tudo bem que a gente torce que uma coisa leve a outra) e embora existam mil livros com regrinhas e dicas para uma relação perfeita essa experiência é pessoal e intransferível, até porque qualquer regra ou conselho simplesmente desaparece na hora que o coração bate mais forte.

A gente aprende muito com livros, filmes, com o casamento dos pais, os namoros dos amigos mas na nossa vez, a gente fica inexperiente, fica desavisado.

A mudança mais radical, é a que ocorre mais naturalmente, quase imperceptível: a mudança do pronome pessoal: quando o “eu” vira “nós”. Os fins-de-semana, as férias, os destinos das viagens: tudo agora precisa ser pensado por dois. Nosso instinto individualista reage. Nosso lado apaixonado resiste. Pensar no outro, esse é o grande desafio. 

Perdemos também o direito ao chá de sumiço (desligar o celular, o computador e ficar off por uns dias sem falar com ninguém) mas alguém para dividir tudo que nos angustia (menos quando se tratar do relacionamento.

Perdemos o direito de beber até cair (oi?) não pega bem né, mas ganhamos a certeza de alguém vai nos carregar caso isso aconteça.

Claro, há os momentos de questionamento: sábado á noite e todos os amigos reunidos num esquenta, a noite está apenas começando. A sua será: cama, pizza e filme na TV. Arrependido? Não. A melhor festa acontece no escuro e debaixo do edredon, sem música alta para atrapalhar.

Perde-se mesmo muita coisa, mas também se ganha muito: beijo na boca todo dia, presente no dia 12 de junho, jantar no japonês, viagem à praia, fim-de-semana na cama, discussões bobas, implicância, ciumeira. Acredite, tem muita gente aí querendo estar no seu lugar.

Para entrar num relacionamento sério só é feita uma exigência: querer. Querer o outro, com todas as divergências, incompatibilidades, manias. Tem que querer o pacote completo. E quando pintar qualquer probleminha, continuar querendo. Eu quero.

Hudson Pereira