Ando me sentindo assim ultimamente, tamanha tem sido minha
dificuldade em escrever. Lembro-me de um passado nada distante em que as idéias
fervilhavam, e meus cadernos acabavam rapidamente.
Um livro, uma peça e um roteiro foram feitos, além dos blogs
todos. O que mudou? Será a “doença da meia-noite”? (definição de Edgard Allan
Paul para o famoso bloqueio criativo)
Idéias eu até tenho, muitas, diga-se de passagem, transferi-las
para o papel é que tem sido cada vez mais difícil, elas vêm e vão de tal forma,
que para pegá-las, só com a rapidez de um raio.
Elas nunca, nunca aparecem quando estou livre: quando estou
no trabalho, na fila do banco, do mercado, no meio da noite. Quanto tempo um
bom verso não aparece, que saudade das rimas.
O bloqueio criativo não é privilégio (ou maldição) só dos
escritores, na verdade, ele aflige qualquer profissional que trabalhe com criação.
Esse mal não tem uma “cura” específica, evidentemente, mas há alguns exercícios
que podem ajudar:
Afaste-se e respire: dê um tempo daquele projeto que não
anda, mesmo que seja por alguns dias, se o prazo estiver apertado, algumas
horas, e tente não pensar nele.
Dê uma olhada em outros projetos inacabados, por exemplo, um
conto ou um poema não terminado, o que não se encaixa em algum pode servir
perfeitamente em outro.
Mude o ambiente, sente-se com seu caderno numa praça próxima
a sua casa, leve seu notebook a uma cafeteria.
Não pare de escrever. O melhor exercício ainda é esse.
Terminar meu primeiro livro foi muito difícil, evitei por
muito tempo colocar um ponto final e me perguntar “what’s next?”. Nesse
intervalo surgiu este blog e a idéia de um romance. A idéia é basicamente essa:
o bloqueio é um intervalo; a possibilidade de reciclar o que foi feito e de
criar novas coisas. Nunca, um ponto final.