sábado, 28 de abril de 2012

Papo de Escritor #1 O escritor de mãos engessadas (bloqueio criativo)

Ando me sentindo assim ultimamente, tamanha tem sido minha dificuldade em escrever. Lembro-me de um passado nada distante em que as idéias fervilhavam, e meus cadernos acabavam rapidamente.

Um livro, uma peça e um roteiro foram feitos, além dos blogs todos. O que mudou? Será a “doença da meia-noite”? (definição de Edgard Allan Paul para o famoso bloqueio criativo)

Idéias eu até tenho, muitas, diga-se de passagem, transferi-las para o papel é que tem sido cada vez mais difícil, elas vêm e vão de tal forma, que para pegá-las, só com a rapidez de um raio.

Elas nunca, nunca aparecem quando estou livre: quando estou no trabalho, na fila do banco, do mercado, no meio da noite. Quanto tempo um bom verso não aparece, que saudade das rimas.

O bloqueio criativo não é privilégio (ou maldição) só dos escritores, na verdade, ele aflige qualquer profissional que trabalhe com criação. Esse mal não tem uma “cura” específica, evidentemente, mas há alguns exercícios que podem ajudar:

Afaste-se e respire: dê um tempo daquele projeto que não anda, mesmo que seja por alguns dias, se o prazo estiver apertado, algumas horas, e tente não pensar nele.

Dê uma olhada em outros projetos inacabados, por exemplo, um conto ou um poema não terminado, o que não se encaixa em algum pode servir perfeitamente em outro.

Mude o ambiente, sente-se com seu caderno numa praça próxima a sua casa, leve seu notebook a uma cafeteria.

Não pare de escrever. O melhor exercício ainda é esse.

Terminar meu primeiro livro foi muito difícil, evitei por muito tempo colocar um ponto final e me perguntar “what’s next?”. Nesse intervalo surgiu este blog e a idéia de um romance. A idéia é basicamente essa: o bloqueio é um intervalo; a possibilidade de reciclar o que foi feito e de criar novas coisas. Nunca, um ponto final.

Hudson Pereira









segunda-feira, 23 de abril de 2012

O amor que passa

Há muitas visões sobre qual seria o contrário do amor: ódio, indiferença, solidão...

Eu já experimentei todas as opções acima e não cheguei à conclusão. Na verdade, eu tinha uma tese de que o amor nunca acaba, o que acaba é a paixão. Achava impossível que, uma vez tendo amado alguém, esse alguém nunca se transformaria num simples contato de email, numa carinha a mais no lado esquerdo do facebook.

Acreditava que, uma vez tendo amado, algum sentimento de posse permaneceria, um certo incômodo ao saber que a pessoa vive feliz, um certo ciuminho ao ver o novo parceiro. Talvez por isso tenha evitado contato com ex-amores: para não por minha crença à prova, e um certo medo das minhas possíveis reações.

Um ex-amor, de quem não tinha notícias há dois anos aproximadamente, reapareceu no Facebook esses dias. Percorrendo suas fotos do novo visual, amigos que não conhecia, viagens e etc... percebi que não senti nada, nenhuma palpitação, nenhuma curiosidade, era apenas o álbum de alguém que não via há alguns anos.

Então, das três opções acima, escolho a indiferença. A indiferença que não faz o coração bater mais forte, que não dá frio na barriga, que não faz a gente lembrar de alguma música, poema, ou filme, que faz a gente pensar “onde que eu estava com a cabeça?”. O amor que passou, e não deixou migalhas de pão pelo caminho.

Hudson Pereira


quarta-feira, 18 de abril de 2012

Playlist: Climinha Parisiense

Ah, a França... ah, Paris... Um país e uma cidade que dez entre dez pessoas que eu conheço sonham visitar. Ando conectado com ela nas últimas semanas: comprei o DVD do filme “Meia noite em Paris” do Woody Allen e o livro “A Parisiense”, um guia de estilo da escritora Ines de la Fressange (cuja resenha, meu amigo William GO publicou aqui).
E como dar uma pulinho ali na França não é tão fácil, preparei uma setlist que tem Paris como tema ou cenário. É só preparar um capuccino e entrar no clima. Jouir!

Hudson Pereira

(Músiquinha chiclete da Corinne - os gritinhos do refrão são fofos!)

(Essa é pra quem curte a noite de Paris)

(A história de um amor bandido em preto e branco)

(Declaração de amor à cidade luz)

(Pra se divertir com os amigos)

(Um amor francês beeeeem sexy)


(A música mais linda de todas)



terça-feira, 10 de abril de 2012

Masoquistas, sim senhor

Autoflagelação é nome do castigo físico que os padres e seminaristas aplicavam em si mesmos quando a tentação os afligia ou se encontravam diante da culpa causada pelo pecado.

Geralmente limitava-se a chicotear as próprias costas. Só que esse tipo de autopunição não se limita à tortura física, nem ao clero.

Tem muita gente por aí se autoflagelando, e quase ninguém percebe.

Se autoflagela quem, quando se olha no espelho, só vê seus defeitos e acredita que as outras pessoas fazem o mesmo.

Se autoflagela quem, quando se define, só cita seus defeitos e acredita que eles o definem.

Se autoflagela quem pensa demais no passado, e acha que ele era melhor, não era, sua memória é que é fraca.

Se autoflagela quem, quando dá uma nova chance a alguém, não perdoa o que passou e traz sempre isso a tona, causando sofrimento aos dois.

Se autoflagela quem acredita demais na imagem que os outros passam, só fazem seus próprios defeitos parecerem maiores do que são.

Se autoflagela quem vigia muito a vida do ex, do ex do atual, do ex do ex. Perdeu o quê lá?

Se autoflagela quem guarda pra si suas dores, pois se acostuma com elas.

Se autoflagela quem não busca ajuda.

Esses tipos de autopunição podem até não se tratar de castigos físicos, mas com certeza nos fazem sangrar.

Hudson Pereira