domingo, 1 de dezembro de 2013

Woody Allen, meu amor.

Tenho um relacionamento amoroso com Woody Allen. É mais sério que um caso, menos exigente que um casamento. Ele está sempre disponível, eu estou sempre de braços abertos.

Porque Woody Allen não faz idéia do que seja a vida, por isso seus filmes fazem tanto sentido. Porque ele sabe que logo logo tudo acaba, do amor ao pó de café, por isso é imortal. Porque ele só escreve sobre o agora, por isso é atemporal.

É o maior cronista de Nova York, mas descreve a Europa como ninguém. É baixinho e desengonçado, mas fez Diane Keaton e Mia Farrow perderem a cabeça. Já lutou num ringue com um canguru, ganhou Oscar e tem sua própria banda de jazz. Se alguém sabe viver é ele. Woody é o cara.

Em seus filmes, final feliz é poder seguir em frente sem ter enlouquecido de paixão. Grandes paixões? Muitas, e quanto mais complicadas, melhor. A parte mais sexy de uma mulher? Seu cérebro. Maior fraqueza de um homem? Um belo par de pernas. Uma dose de neurose com gelo, por favor!


Seus filmes são como o jazz que por sua vez é como a vida: fluxo. Às vezes não conseguimos acompanhar o ritmo, às vezes não os entendemos. Mas o que nos guia é sempre o desejo de entrar na dança.


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Fruto Proibido

Não sou mais tão menino
e nem tampouco homem feito.
Vivo preso no processo,
no meio do caminho,
permanente fase de crescimento,
psique inacabada,
maturidade permitida.
Sou Adão na contramão
cometendo pecados pouco originais,
dispensando a Eva,
cuspindo a maçã.
Sou Adão invertido,
um pouco divertido 
e carente
Querendo um paraíso
infernal de tão quente
Querendo logo a
mordida da serpente.


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Drive

a vida saiu dos trilhos.
pulo fora
ou fico?




sábado, 9 de novembro de 2013

Filete

Todos os poemas
de amor vão
perder a graça
quando nosso
amor estiver
com o nome
sujo
na praça.


Campo de São Bento - Niterói, 2 de novembro de 2013

sábado, 2 de novembro de 2013

Reflexo

Talvez seja só
essa maneira de você
me olhar,
com olhos tão tristes
tão tenros
e existe uma coisa
tão bonita
nessa tristeza
nessa maneira
que você
me olha
com esses
olhos tristes
e eu me pergunto
se eu sou tão triste
que me reconheço
nos olhos tristes
desse cara que
eu mal conheço.


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Papo de Escritor #5 O lamento do escritor inseguro

Escrever é a coisa mais difícil do mundo.
Na maior parte do tempo eu apenas rabisco.

Rabisco um rascunho de poema,
uma confissão perecível,
um desejo de não ser tão pequeno,
a vontade de me sentir incrível.

Rabisco gestos, máscaras,
coisas que não me sentiria a vontade
de confessar. Rabisco às vezes
uma vontade louca de me matar.

Rabisco em cadernos, folhas,
contas pagas e às vezes
até rabisco nos braços
de alguns moços. Muitos
deles não se importam,
nem chegam a perceber.

Escrever é a coisa mais difícil do mundo.
É tipo viver.




quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Passion for coffee #2

Segunda parte da minha paixão por fotografar os cafés que tomo pela vida. Muito amor nessas fotos.

Café Ruínas
California Coffee
 Confeitaria Colombo
Café Odeon
Katz
Livraria Cultura
Café Petrópolis
Café Rosário
Mr. Chan
Rei do Mate

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Em êxtase

Quando fazemos amor
e o seu suor cobre os meus olhos
sou tomado por uma nobreza tão grande
que eu nem caibo em mim mesmo
e nem sei exatamente qual o propósito.

Pois é do amor que fazemos a solenidade.

Quando fazemos amor
eu agradeço à vida por tal fato
e peço que essa cria não se esvaia.
Você, redentor. Eu, pequenino.

Pois é do amor que fazemos a vivacidade.

E quando fazemos amor tudo é luz,
tudo é sol. Nunca nublado, nunca
cinza é o dia que nos amamos em parceria.
E dentro do meu peito algo
se dilata, latejante, reconhecendo 
o nobre sentimento semelhante.


Pois é do amor que fazemos a eternidade.



segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Papo de Escritor #4 Quem tem medo do seu original?

Minha cena favorita no meu filme favorito: em "Meia-noite em Paris" do Woody Allen, Gil - o personagem do Owen Wilson é um escritor às voltas com seu primeiro romance sério abraçava seus originais enquanto aguardava o encontro com Hemingway. Mesmo tendo experiência como roteirista, a insegurança e o medo o deixavam atordoado, e todo tempo ele questionava suas idéias. O filme termina antes do livro ser concluído.

Comecei a organizar meu livro em 2009, com textos que escrevia desde 2007, coloquei um ponto final em 2011. Já é praticamente 2014 e cadê que consigo senti-lo pronto. Porque é justamente isso que acontece com um livro: não basta decretá-lo pronto. É preciso senti-lo pronto. E Eu não sinto.

Já tive medo de abri-lo e ter de repente uma vontade irracional de rasgá-lo, já tive prazer de abri-lo diariamente e contemplar minha obra, sonhando vê-lo pronto, publicado. Já senti desespero: uma vontade insana de mudá-lo. Já me senti orgulhoso. Já me senti envergonhado.

Queria perguntar aos escritores que admiro. "E aí Bukowisk, como que eu faço?" "Quando é o momento, Lorca?" "Wilde, quando o ponto final é o ponto final?" Na falta dessas respostas, sigo esperando.

Sigo inquieto. Nem sempre motivado, mas o importante: sigo. Um dia ele estará pronto. E eu também.

Hudson Pereira


quarta-feira, 31 de julho de 2013

De frente com myself

Vamos falar sério agora: existe coisa mais difícil que fazer uma auto-análise? E eu nem estou falando de uma análise profunda, basta começar com uma reflexão de como foi o seu dia: suas palavras, suas ações, como tratou as pessoas, se foi sincero, se não foi.

Partindo então para águas mais fundas, como lidar com sentimentos ruins: inveja, ciúme, despeito, rancor. Ninguém saí imune desse ringue com si mesmo. Eu tenho tentado ser crítico comigo mesmo, me encarar de frente, o problema é que, existem coisas muito difíceis de aceitar, dizer em voz alta então, nem pensar.

Tive dúvidas em escrever sobre isso no blog , já que aqui é o meu espaço de compartilhar idéias. Idéias são divertidas, minhas dores não. Mas o autoconhecimento é um caminho sem volta, uma vez lá dentro, não dá pra voltar e fingir que nada aconteceu. Além de imune, ninguém sai impune desse jogo. Quem está preparado?

Eu me impus esse desafio, e não posso dizer que me arrependo: descobri, por exemplo, que minha vontade de fazer o bem é um reflexo de uma carência de afeto muito grande, dou abraço porque quero abraço, e não por ter bom coração. Descobri também que não consigo superar uma rejeição que sofri, e que talvez isso permaneça comigo para sempre, como uma cicatriz invisível, e olha quem me causou isso já tentou reparar.

Para o embate, contei com a ajuda de um senhor muito bacana: Freud e suas teses sobre os mecanismos de defesa do ego que ajudam a explicar atitudes estranhas que temos, como por exemplo, simplesmente deixar de falar com uma pessoa sem que ela tenha feito nada. Claro, que nada substitui uma análise com um profissional, mas de nada adianta livros de auto-ajuda por 10 reais, esses sim, são de enlouquecer.

Hudson Pereira
(Espelho, espelho meu... existe alguém que reflita mais que eu?)



terça-feira, 23 de julho de 2013

La petite mort

Cada dia que se vive, também é um dia que se morre – eis aqui uma verdade sobre a vida.

A contagem regressiva começou lá atrás, no primeiro choro, mas isso ninguém comenta.

Cada dia é uma pequena morte. Como se já não acumulássemos tantas outras pelo caminho.

Por isso que se alimentar delas é dar sempre um tiro no escuro: sonhos antigos, paixões antigas, vontades antigas, nada disso sustenta coisa alguma, muito menos quando tudo que se precisa, é de vida.

Ah, a vida, que vai muito além desse trajeto incorrigível. Uma coisa tão complexa para caber numa palavra de quatro letras. Vida e fome são assim. Essa fome de vida que eu tenho há tanto tempo, desde quando me lembro que existo.

Essa fome de me saber gente. De ter certeza que eu vivo. 

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Poema de amor na rua do lavradio

Rua do lavradio, meio dia
olho no olhos escuros do rapaz tímido
gosto da sua maneira de agir
ele olha pra baixo, esconde o sorriso
respira fundo, eu o admiro

Não resisto e
um beijo acontece, onde
não se pôde saber e agora
estamos nos encontramos diante de um
sentimento que não se pôde prever.

(Hudson Pereira)


quarta-feira, 13 de março de 2013

De volta às origens!

Este blog agora é um blog pessoal, que provavelmente não interessará a ninguém senão a mim mesmo.



terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Onde mora o perigo


Quando a gente começa a gostar de alguém os dias naturalmente ficam mais azuis, a gente acorda mais bem disposto e tudo parece mais bonito. Mas não é aí que mora o perigo.

A gente começa a fazer planos secretos, encontros furtivos, pensa em sair pra jantar, viajar, dormir junto, tudo dentro da cabeça. Mas não é aí que mora o perigo.

A gente para de ouvir as músicas que gosta para ouvir as que a pessoa gosta. A gente para de assistir os programas que gosta para assistir os que a pessoa. Achando que assim vai conhecê-la melhor, pois sim. Mas não é aí que mora o perigo.

O outro é diferente de todos que vieram antes, pois sim. O outro é um super-herói que vem te salvar do tédio, pois sim. O outro é divertido, tem uma profissão incrível, um bom gosto nunca antes visto e um perfume marcante, pois sim. Mas não é aí que mora o perigo.

O outro te liga na hora que você menos espera. Curte tudo que você posta em menos de 1 minuto. O outro quer ver aquele filme que todo mundo fala bem, mas você não se interessou. O outro faz o filme te interessar. Mas não é aí que mora o perigo.

O perigo não mora em você, nem no que o outro te faz sentir.

Você começa a gostar de alguém. Até aí tudo bem. E de repente você percebe o outro parece gostar de você também. É exatamente aí que mora o perigo.

Hudson Pereira


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Paris Manhattan: para e pelos fãs de Woody Allen

“Paris-Manhattan” conta a história de uma jovem mulher francesa, apaixonada pelo seu trabalho de farmacêutica e por um diretor de cinema, cujos filmes ela recomenda aos clientes. Sua vida amorosa é um tanto complicada e seus pais insistem em lhes apresentar pretendentes.

Até aí não tem nada demais, se o diretor em questão não fosse Woody Allen, e se Alice, ao invés de ter uma melhor amiga, conversa com ele sobre sua vida. Não exatamente com ele, mas com o pôster dele na parede. E o pôster responde com falas do diretor em seus filmes.

O filme é despretensioso, leve, no melhor estilo das comédias francesas. Tem uma fotografia bonita, e de maneira nenhuma tenta estar à altura dos filmes de Woody. É apenas uma declaração de amor ao estilo inconfundível e aos personagens sensíveis e neuróticos do diretor. Mostrando que, para ser fã de Woody, é preciso uma boa dose de neurose também. Eu que o diga.

O filme também trata de uma questão sempre fundamental e nunca excessiva: de como a arte salva as pessoas, no caso de Alice, através dos filmes.

A grande surpresa está na participação afetiva do próprio Woody nas cenas finais, onde se realiza o grande fetiche de todo fã do diretor: receber um conselho amoroso dele. Qual fã não daria sua coleção de DVDs por isso?

Este fã de Woody adorou!

Hudson Pereira






Hud e Woody 

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O que realmente importa é o carão!



Lutar em segredo, fechado no quarto, sem que ninguém saiba. Para os outros, mostrar só o melhor de si, a face mais luminosa.

( Caio Fernando Abreu - O desejo mergulha na luz, in: Pequenas epifanias)





segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

27 anos: seguir me reinventando

“Até os nove anos somos aquilo que os outros querem. Brinquedinhos que alimentam sonhos de pai e mãe. Dos nove aos dezoito somos o que gostaríamos de ser e por não sabermos exatamente o que gostaríamos de ser nos fantasiamos com a mesma roupa dos nossos amiguinhos – é o que costumam chamar de adolescência. Dos 18 aos 27 somos o que imaginamos ser. E, finalmente, dos 27 aos 36 nos encontramos com o que podemos e conseguimos ser. Daí por diante é só se seguir reinventando a cada dia” (Mônica Montone)

Acabei de completar 27 anos encarando o fato de que não sei exatamente o que posso ou consigo ser. Porque eu ainda carrego dúvidas e dívidas de todas as outras idades. Eu cresci mesmo? Ou fui apenas acumulando quilometragem rodada e algumas feridas pelo caminho?

O que sei, é que muitas coisas mudaram. Eu, inclusive.

Primeiro, eu perdi algo que eu amava muito e no queal depositava boa parte das minhas esperanças e crenças. Só que para minha surpresa, isso foi bom. Quando se perde algo essencial, perde-se junto o medo de perder aquilo e ganha-se a possibilidade de arriscar-se sem qualquer possibilidade de prejuízo.

Segundo, tive coragem de fazer algo que nunca fiz antes, e me joguei de cabeça num projeto novo mesmo com meu mundo desabando, o que funcionou não só como um bote salva-vidas mas como a possibilidade de fazer algo que eu realmente gosto e ser reconhecido por isso. Há muito tempo que eu não sabia o que era viver com prazer.

A palavra que resume minha entrada nos 27 anos é reinvenção. Tenho me reinventado a cada dia. Seja no caminho até o trabalho, seja na maneira de pensar na vida. E que eu passe pelos 27 colecionando tropeços, alegrias, porres e algumas conquistas, mesmo que pequenas e que eu siga me reinventando sempre que possível. Que os 27 não me assustem e que eu tenha mais sorte que a Amy Winehouse.  

Hudson Pereira


(Dedicado ao Vinícius Lopes)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Depois da queda

Depois da queda é o nome de uma peça que Arthur Miller escreveu para falar/desabafar sobre as razões de seu casamento com Marilyn Monroe ter fracassado. Alguns amores quando terminam rendem peças, outros rendem livros, poemas, a maioria rendem lágrimas e alguns poucos rendem risos.

Não sei o que o meu relacionamento acabado vai render para mim, além de algumas semanas de silêncio. Não sei, e não tentarei descobrir por enquanto. O que sei, é que a palavra “queda” se encaixa perfeitamente quando um relacionamento de amor acaba. Você simplesmente perde o chão, todos os alicerces desmoronam, todas as cordas se rompem, a rede de proteção não está mais lá. Você despenca no vasto espaço escuro da incompreensão.

Não assisti e peça de Arthur Miller, apenas tenho conhecimento dela por ser fã de Marilyn, portanto não sei o que aconteceu depois de sua queda. Bem, sei que Marilyn não viveu muito após isso, mas eu escolho a vida.

O que sei é que depois da minha queda, só pude me levantar e seguir em frente.

Hudson Pereira

Marilyn e Arthur