domingo, 31 de maio de 2015

contato

seu corpo
sobre o meu
se espalha
feito
água
da chuva
na calha


domingo, 17 de maio de 2015

{sem título}

não canso de observar a vida
ora extrema
ora vazia
e às vezes tão plena e inteira
outras, reprimida

há coisas em mim
que não suporto:
as escolhas erradas
a preguiça
e essa mania de levantar o dedo
mindinho quando seguro uma
xícara de café que nunca perdi
mesmo quando, numa tarde
de outono escrevo

e continuo, a todo custo,
o mesmo



sexta-feira, 15 de maio de 2015

laura

laura, laura, o que te faz tão brava?
é a vida que você leva e que você não esperava?
eu sei que era atraente, viver tão livremente
numa fábula do Lynch
ela dizia que seria assim
de abraço em abraço num vão sem fim
(sem intervalo sem intervalo)
ela dizia que não terminaria assim
procurando por diversão sem mim
os garotos da escola te amavam, laura
bastava o seu sorriso e os olhos se exaltavam
você dançava, iluminada
e logo estava acompanhada
laura, laura eu te peço fique calma
você só tinha dezessete e já andava
pelas ruas da Lapa
e eram sextas em que estava alta
meio sem destino, querendo companhia
querida, você se divertiu
mas festa acabou
essa é a história em que você acreditou
dance enquanto há música
e o one eyed Jack não fechou
dance enquanto há febre
e o mar não te abraçou

domingo, 3 de maio de 2015

Romântico

enquanto houver amor
haverá resposta
haverão telefonemas longos
coisas impostas
enquanto houver amor
haverão gritos
viagens longas
pequenos ritos
algumas ondas
te amarei entre
jantares e taças de vinho
te venerarei
sem máscaras
sem espinhos
eqnaunto houver amor
haveremos nós
em nossos desajustes
mas que de tanta amplitude
seremos até fortes
e um pouco mais sadios
nosso amor arrebenta
reage luta invade
nosso amor encontra tempo
encontra um jeito, não dissolve
nosso amor enfrenta medos
nosso amor nos abriga
e nos faz fortes
que sorte, te ter
que sorte!

sábado, 2 de maio de 2015

road trippin'

Poderíamos ir para Praga
e fingir não saber de nada
Poderíamos ir para Estocolmo
e lá esquecer quem fomos

Ser apenas passageiros
perdidos em estradas
longe de casa,
sem paradeiro

Vivendo bem
vivendo longe
mudando nossos nomes,
nosso país
vivendo a vida
que a gente já quis.


(sem título}

ao invés de polemizar
prefiro poemizar
a vida.

{sem título}

quero me embebedar
dessa inacreditável força
que é pensar com liberdade
antes que eu me torne
o último poeta
da cidade